TRISTAN CORBIÈRE
TRISTAN CORBIÈRE (1842-1875)
Poeta francês caracterizado por um lirismo barroco, ao
mesmo tempo mordaz e irônico, com incorporação de
elementos coloquiais em seus versos. Não foi
reconhecido em vida, passando despercebida a primeira
edição de Os amores amarelos (1873). O valor literário de
sua obra foi reconhecido postumamente por Paul Verlaine,
que o incluiu na série dos Poetas Malditos.
mesmo tempo mordaz e irônico, com incorporação de
elementos coloquiais em seus versos. Não foi
reconhecido em vida, passando despercebida a primeira
edição de Os amores amarelos (1873). O valor literário de
sua obra foi reconhecido postumamente por Paul Verlaine,
que o incluiu na série dos Poetas Malditos.
Le phare
Phœbus, de mauvais poil, couche,
Droit sur I'écueil:
S'allume ie grand borgne louche,
Clignant de I'œil
Debout, Priape d'ouragan,
En vain le lèche
La lame de rut écumant...
— II tient sa mèche.
II se mâte et rit de sa rage,
Bandant à bloc;
Fier bout de chandelle sauvage
Plantée au roc!
— En vain, sur sa tête chenue,
D'amont, d'aval,
Caracole et s'abat la nue,
Comme un cheval...— Il tient le lampion au naufrage,
Tout en révant
Casse la mer, crève I'orage,
Siffle le vent,
Ronfle et vibre comme une trompe,
— Diapason
D'Eole — Il se peut bien qu'il rompe,
Mais plier, — non —
Sait-il son Musset: A la brune
Il est jauni
Et pose juste pour la lune
Comme un grand I.
... Là, git debout une vestale
— C'est I'allumoir —
Vierge et martyre (sexe mâle)
— C'est I'eteignoir. —
Comme un Iézard à l'eau-de-vie
Dans un bocal,
Il tirebouchonne sa vie
Dans ce fanal.
Est ii philosophe ou poète?...
— Il n'en sait rien. —
Lunatique ou simplement bête?...
— Ça se vaut bien. —
Demandez-lui donc s'il chérit
Sa solitude?
— S'il parle, il répondra qu'il vit...Par habitude.
......................................................
— Oh! que je voudrais là, Madame,
Tous deux!... — veux-tu? —
Vivre, dent pour œil, corps pour âme!...
— Rêve pointu. —
Vous percheriez dans la lanterne:
Je monterais...
— Et moi: ci-git, dans la citerne
— Tu descendrais. —
Dans le boyau de I'édifice
Nous promenant,
Et, dans le feu — sans artifice —
Nous rencontrant.
Joli ramonage... et bizarre,
Du haut en bas!
Entre nous... I'érection du phare
N'y tiendrait.pas...
***
O farol
Tradução de Augusto de Campos
O sol, sem pelo, se reclina
Sobre um escolho:
Eis que o caolho se ilumina,
Piscando o olho.
De pé, Priapo em furacão,
Lambe-o a lama
De cio que ao céu espuma em vão...
— Mantém a flama.
Erguendo o mastro ele se alteia
E ri sem medo;
Feroz pedaço de candeia
Preso ao penedo!
— Em vão, sobre a velha cabeça,
Pra derrubá-lo,
A nuvem corcova e tropeça
Como um cavalo...
— Mantém a lâmpada, a sonhar,
Sobre a tormenta.
Bufa o tufão, abre-se o mar,
O vento venta,
Troa e vibra como uma trompa,
— Diapasão
De Eolo — Pode ser que rompa,
Mas dobrar, — não. —
Ao bom Musset ele cultua.
À noite, ri
E pousa ereto para a lua —
Um grande I.
...Uma vestal acende o facho
— É o 'vaga-lume' —
Virgem e mártir (sexo macho)
— Apaga-lume. —
Como um pau-d'água ante a bebida,
Em um bocal
Sacarrolhou a sua vida
Neste fanal.
Será filósofo ou poeta?
— Nem ele sabe. —
Será patético ou pateta? —
— Qualquer um cabe. —
Perguntem-lhe se ele cultiva
A solidão.
Dirá: — É provável que viva
Por compulsão.
Sobre um escolho:
Eis que o caolho se ilumina,
Piscando o olho.
De pé, Priapo em furacão,
Lambe-o a lama
De cio que ao céu espuma em vão...
— Mantém a flama.
Erguendo o mastro ele se alteia
E ri sem medo;
Feroz pedaço de candeia
Preso ao penedo!
— Em vão, sobre a velha cabeça,
Pra derrubá-lo,
A nuvem corcova e tropeça
Como um cavalo...
— Mantém a lâmpada, a sonhar,
Sobre a tormenta.
Bufa o tufão, abre-se o mar,
O vento venta,
Troa e vibra como uma trompa,
— Diapasão
De Eolo — Pode ser que rompa,
Mas dobrar, — não. —
Ao bom Musset ele cultua.
À noite, ri
E pousa ereto para a lua —
Um grande I.
...Uma vestal acende o facho
— É o 'vaga-lume' —
Virgem e mártir (sexo macho)
— Apaga-lume. —
Como um pau-d'água ante a bebida,
Em um bocal
Sacarrolhou a sua vida
Neste fanal.
Será filósofo ou poeta?
— Nem ele sabe. —
Será patético ou pateta? —
— Qualquer um cabe. —
Perguntem-lhe se ele cultiva
A solidão.
Dirá: — É provável que viva
Por compulsão.
..................................................
Que tal nós dois, meu bem? A gente
Teria tudo!... —
Viver, corpo a alma, olho a dente!...
— Sonho pontudo. —
Você: — Enfim sós! (na lanterna)
— Eu subiria...
E eu: — Aqui jaz! (na cisterna)
— Você descia... —
Depois, no túnel do edifício
Ir para a cama
E, no fogo — sem artificio —
Dobrar a chama.
Do topo ao pé... trato completo
Na chaminé!
E eis que o farol que era ereto
Já não o é...
Que tal nós dois, meu bem? A gente
Teria tudo!... —
Viver, corpo a alma, olho a dente!...
— Sonho pontudo. —
Você: — Enfim sós! (na lanterna)
— Eu subiria...
E eu: — Aqui jaz! (na cisterna)
— Você descia... —
Depois, no túnel do edifício
Ir para a cama
E, no fogo — sem artificio —
Dobrar a chama.
Do topo ao pé... trato completo
Na chaminé!
E eis que o farol que era ereto
Já não o é...
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