AUGUSTO DOS ANJOS




Ainda adolescente conheci os versos de Augusto dos Anjos. Líamos e ríamos, não por achar graça, creio que era um riso nervoso, pois seus textos impregnavam de morte uma idade em que a morte é esfera remota, esfinge quase inatingível. Mesmo os não leitores de poesia apreciavam, talvez movidos mais por curiosidade e por uma espécie de deleite por extravagância. Não me arrependo desse primeiro convívio, na escola mambembe do Estácio, ainda que eu passasse longe de perceber a riqueza da poética do autor. 

Se há algo extraordinário na leitura é justamente revelar-se como tatuagem impressa em nossa alma: nunca nos afastamos mais do livro que nos comove e impacta nossa experiência. A verdadeira leitura só pode ser livre, desinteressada, nunca uma tarefa ou matéria-prima para determinada teoria, tese ou ensaio. Não que esta última seja desprezível, mas nada se compara ao vigor da leitura desatrelada a qualquer outro compromisso, aquela que se impõe como descoberta, que pega na veia.

O segundo convívio com Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, nascido no Engenho Pau d'Arco, Paraíba, no dia 20 de abril de 1884, ocorreu na UERJ, durante a graduação. Já era o início do corte e recorte acadêmico. O único livro do  poeta, Eu, publicado em 1912, porém desde 1919 reeditado como “Eu e outras poesias”,  transformou-se em objeto de estudo. Reencontrei a completa obsessão com o próprio “eu” e seu radical desconforto com a existência, revi sua dolorosa descrença em relação à realização amorosa ("Não sou capaz de amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me"), tão forte que é capaz de metamorfosear o amor em ódio. Uma poética da repulsa, do confronto agônico com o mundo, dotada de uma radicalidade negativa extremamente rara em nossa literatura. Versos abertos à angústia, ao egoísmo, à decomposição, à morte. Mais que a dimensão científica na arquitetura de seu vocabulário, o que sempre me espanta é o niilismo mais espesso em sua poesia. Um fazer versos como quem se afunda em um pântano. Além disso, uma pulsação violenta entre o micro e o macro, entre os vermes e as estrelas, entre o finito e o infinito. A presença de forças obscuras, a dissolução dos corpos pelo determinismo das leis físicas e químicas, a putrefação do biológico, a desesperada anulação da personalidade, o materialismo mais caricato, o pessimismo mais amargo não impedem a alma de buscar desesperadamente a eternidade. É do não, da ausência de resposta, do sem fim do silêncio que medra o vigor niilista.

Depois voltei, na pós-graduação, a conviver com o autor de “Poeta, feto malsão, criado com os sucos / De um leite mau, carnívoro asqueroso, / Gerado no atavismo monstruoso / Da alma desordenada dos malucos”. Mas a história desse convívio só alongaria minha memória afetiva e o que interessa é, na verdade, a obra do poeta.

Valendo-se da carpintaria poética parnasiana (métrica perfeita, chave de ouro, rimas preciosas), das sugestões musicais simbolistas (aliterações, assonâncias), de um requintado vocabulário buscado nas ciências, Augusto dos Anjos foi capaz de criar uma obra que persiste ao longo dos tempos com um vigor insuperável. Criador de uma poética inclassificável, capaz mesmo de antecipar-se a alguns momentos do nosso modernismo, como pode ser verificado pelo uso da linguagem coloquial em alguns textos.

Estudado normalmente como pertencente à geração de autores pré-modernistas da literatura brasileira (como se isso ajudasse a compreender as questões que a sua poesia propõe), Augusto dos Anjos comprova a tese de que os grandes poetas não são aqueles que fazem apenas grandes poemas, mas aqueles que criam uma poética.

Era formado em direito, mas nunca exerceu a profissão. Trabalhou como professor na Paraíba, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. No Rio, exerceu o magistério, em  1911, no Colégio Pedro II, onde também trabalho. Deu aulas para as turmas suplementares. Infelizmente não conseguiu ser efetivado no cargo.

Vítima de pneumonia, morreu em Leopoldina – MG,  em 12 de novembro de 1914, aos trinta anos de idade.

Coloquei os poemas de Augusto dos Anjos em diálogo com trabalhos de Damien Hirst, um dos mais importantes artistas plásticos da atualidade.
  

P O E M A S 





MONÓLOGO DE UMA SOMBRA        


“Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
Do cosmopolitismo das moneras...                                                                  
Pólipo de recônditas reentrâncias,
Larva de caos telúrico, procedo
Da escuridão do cósmico segredo,
Da substância de todas as substâncias!


A simbiose das coisas me equilibra.
Em minha ignota mônada, ampla, vibra
A alma dos movimentos rotatórios...
E é de mim que decorrem, simultâneas,
A saúde das forças subterrâneas
E a morbidez dos seres ilusórios!


Pairando acima dos mundanos tetos,
Não conheço o acidente da Senectus
– Esta universitária sanguessuga
Que produz, sem dispêndio algum de vírus,
O amarelecimento do papirus
E a miséria anatômica da ruga!


Na existência social, possuo uma arma
– O metafisicismo de Abidarma –
E trago, sem bramânicas tesouras,
Como um dorso de azêmola passiva,
A solidariedade subjetiva
De todas as espécies sofredoras.


Como um pouco de saliva quotidiana
Mostro meu nojo à Natureza Humana.
A podridão me serve de Evangelho...
Amo o esterco, os resíduos ruins dos quiosques
E o animal inferior que urra nos bosques
É com certeza meu irmão mais velho!


Tal qual quem para o próprio túmulo olha,
Amarguradamente se me antolha,
À luz do americano plenilúnio,
Na alma crepuscular de minha raça
Como uma vocação para a Desgraça
E um tropismo ancestral para o Infortúnio.


Aí vem sujo, a coçar chagas plebeias,
Trazendo no deserto das ideias
O desespero endêmico do inferno,
Com a cara hirta, tatuada de fuligens
Esse mineiro doido das origens,
Que se chama o Filósofo Moderno!


Quis compreender, quebrando estéreis normas,
A vida fenomênica das Formas,
Que, iguais a fogos passageiros, luzem...
E apenas encontrou na ideia gasta,
O horror dessa mecânica nefasta,
A que todas as coisas se reduzem!


E hão de achá-lo, amanhã, bestas agrestes,
Sobre a esteira sarcófaga das pestes
A mostrar, já nos últimos momentos,
Como quem se submete a uma charqueada,
Ao clarão tropical da luz danada,
O espólio dos seus dedos peçonhentos.


Tal a finalidade dos estames!
Mas ele viverá, rotos os liames
Dessa estranguladora lei que aperta
Todos os agregados perecíveis,
Nas eterizações indefiníveis
Da energia intra-atômica liberta!


Será calor, causa ubíqua de gozo,
Raio X, magnetismo misterioso,
Quimiotaxia, ondulação aérea,
Fonte de repulsões e de prazeres,
Sonoridade potencial dos seres,
Estrangulada dentro da matéria!


E o que ele foi: clavículas, abdômen,
O coração, a boca, em síntese, o Homem,
– Engrenagem de vísceras vulgares –
Os dedos carregados de peçonha,
Tudo coube na lógica medonha
Dos apodrecimentos musculares!


A desarrumação dos intestinos
Assombra! Vede-a! Os vermes assassinos
Dentro daquela massa que o húmus come,
Numa glutoneria hedionda, brincam,
Como as cadelas que as dentuças trincam
No espasmo fisiológico da fome.


É uma trágica festa emocionante!
A bacteriologia inventariante
Toma conta do corpo que apodrece...
E até os membros da família engulham,
Vendo as larvas malignas que se embrulham
No cadáver malsão, fazendo um s.


E foi então para isto que esse doudo
Estragou o vibrátil plasma todo,
À guisa de um faquir, pelos cenóbios?!...
Num suicídio graduado, consumir-se,
E após tantas vigílias, reduzir-se
À herança miserável de micróbios.


Estoutro agora é o sátiro peralta
Que o sensualismo sodomita exalta,
Nutrindo sua infâmia a leite e a trigo...
Como que, em suas células vilíssimas,
Há estratificações requintadíssimas
De uma animalidade sem castigo.


Brancas bacantes bêbedas o beijam,
Suas artérias hírcicas latejam,
Sentindo o odor das carnações abstêmias,
E à noite, vai gozar, ébrio de vício,
No sombrio bazar do meretrício,
O cuspo afrodisíaco das fêmeas.


No horror de sua anômala nevrose,
Toda a sensualidade da simbiose,
Uivando, à noite, em lúbricos arroubos,
Como no babilônico sansara,
Lembra a fome incoercível que escancara
A mucosa carnívora dos lobos.


Sôfrego, o monstro as vítimas aguarda
Negra paixão congênita, bastarda,
Do seu zooplasma ofídico resulta...
E explode, igual a luz que o ar acomete,
Com a veemência mavórtica do aríete
E os arremessos de uma catapulta.


Mas muitas vezes, quando a noite avança,
Hirto, observa através a tênue trança
Dos filamentos fluídicos de um halo
A destra descarnada de um duende,
Que tateando nas tênebras, se estende
Dentro da noite má, para agarrá-lo!


Cresce-lhe a intracefálica tortura,
E de su’alma na caverna escura,
Fazendo ultra-epiléticos esforços,
Acorda, com os candieiros apagados,
Numa coreografia de danados,
A família alarmada dos remorsos.


É o despertar de um povo subterrâneo!
É a fauna cavernícola do crânio
– Macbeths da patológica vigília,
Mostrando, em rembrandtescas telas várias,
As incestuosidades sanguinárias
Que ele tem praticado na família.


As alucinações tácteis pululam.
Sente que megatérios o estrangulam...
A asa negra das moscas o horroriza:
E autopsiando a amaríssima existência
Encontra um cancro assíduo na consciência
E três manchas de sangue na camisa! 


Míngua-se o combustível da lanterna
E a consciência do sátiro se inferna,
Reconhecendo, bêbedo de sono,
Na própria ânsia dionísica do gozo,
Essa necessidade de horroroso,
Que é talvez propriedade do carbono!


Ah! Dentro de toda a alma existe a prova
De que a dor como um dartro se renova,
Quando o prazer barbaramente a ataca...
Assim também, observa a ciência crua,
Dentro da elipse ignívoma da lua
A realidade de uma esfera opaca.


Somente a Arte, esculpindo a humana mágoa,
Abranda as rochas rígidas, torna água
Todo o fogo telúrico profundo
E reduz, sem que, entanto, a desintegre,
À condição de uma planície alegre,
A aspereza orográfica do mundo!


Provo desta maneira ao mundo odiento
Pelas grandes razões do sentimento,
Sem os métodos da abstrusa ciência fria
E os trovões gritadores da dialética,
Que a mais alta expressão da dor estética
Consiste essencialmente na alegria.


Continua o martírio das criaturas:
– O homicídio nas vielas mais escuras,
– O ferido que a hostil gleba atra escarva,
– O último solilóquio dos suicidas –
E eu sinto a dor de todas essas vidas
Em minha vida anônima de larva!”


Disse isto a Sombra. E, ouvindo estes vocábulos,
Da luz da lua aos pálidos venábulos,
Na ânsia de um nervosíssimo entusiasmo,
Julgava ouvir monótonas corujas,
Executando, entre caveiras sujas,
A orquestra arrepiadora do sarcasmo!


Era a elegia panteísta do Universo,
Na podridão do sangue humano imerso,
Prostituído talvez, em suas bases...
Era a canção da Natureza exausta,
Chorando e rindo na ironia infausta
Da incoerência infernal daquelas frases.


E o turbilhão de tais fonemas acres
Trovejando grandíloquos massacres,
Há-de ferir-me as auditivas portas,
Até que minha efêmera cabeça
Reverta à quietação da treva espessa
E à palidez das fotosferas mortas!


(p. 75-80)





O MORCEGO




Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.


“Vou mandar levantar outra parede...”
- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!


Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!


A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!


(p. 81)       





 
   



PSICOLOGIA DE UM VENCIDO


Eu, filho do carbono e o amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.


Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.


Já o verme – este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,


Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!


(p. 82)




 





DEBAIXO DO TAMARINDO


No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!


Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!


Quando pararem todos os relógios
De minha vida e a voz dos necrológios
Gritar ns noticiários que eu morri.


Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!


(p. 85)










BUDISMO MODERNO
            
Tome, Dr., esta tesoura , e... corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo o meu coração, depois da morte?!


Ah! Um urubu pousou na minha sorte!
Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contato da bronca destra forte!


Dissolve-e, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo,


Mas o agregado abstrato das saudades
Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo!


(p. 100)











VERSOS ÍNTIMOS


Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga.
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!


(p. 143)





O DEUS-VERME 


Fator universal do transformismo,
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme - é o seu nome obscuro de batismo.


Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea.
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.


Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...


Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!


(p.85)



























A IDEIA

De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!


Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas da laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica...

Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No molambo da língua paralítica!

(p. 82)

Fonte: Todos os poemas foram retirados do livro Eu e outras poesias. 38a. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1985.


Comentários

  1. Excelente, augusto, este Augusto dos Anjos, ele merece uma postagem específica com análise de alguns textos do poeta, para que nós possamos comentar as análises/leituras feitas pelo blogueiro.

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  2. Caro Zantonc,

    Augusto dos Anjos, eleito pelo voto popular, o "paraibano do século XX" e um dos autores mais lido e debatido na atualidade,nunca foi bizarro ou mórbido, mas uma poeta que compreendia existencialmente, que Deus criou a vida, criou a célula, sendo o homem uma ficção cultural gerada a partir da linguagem simbólica adotada por nós humanos.

    De forma poética e com correção métrica, soube manter presente em seus versos,
    que somos pó e ao pó retornaremos ,como magistralmente sugere o texto abaixo destacado, parte de um dos seus mais profundos trabalho, "O Mistério de um Fósforo",a saber:


    Um dia restará, na terra instável,
    De minha antropocêntrica matéria
    Numa côncava xícara funérea
    Uma colher de cinza miserável!

    AALECASTRO

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  3. Augsto dos Anjos usa uma arma poderosa contra o véu da inocência poética: a palavra como metáfora dela mesma.
    Salve Augusto!
    MURTA

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  4. A IDÉIA
    Augusto dos Anjos


    De onde ela vem?! De que matéria bruta
    Vem essa luz que sobre as nebulosas
    Cal de incógnitas criptas misteriosas
    Como as estalactites duma gruta?

    Vem da psicogenética e alta luta
    Do feixe de moléculas nervosas,
    Que, em desintegrações maravilhosas,
    Delibera, e depois, quer e executa!

    Vem do encéfalo absconso que a constringe,
    Chega em seguida às cordas da laringe,
    Tísica, tênue, mínima, raquítica...

    Quebra a força centrípeta que a amarra,
    Mas, de repente, e quase morta, esbarra
    No molambo da língua paralítica!

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  5. Achei extremamente inteligente o uso do morcego para refletir a consciência humana que vem a nos 'assombrar' de noite, mas acho que a parte mais inteligente e que provoca grande reflexão é o verso 'Que ventre produziu tão feio parto?!' pois quando vemos no final do poema que o morcego é nada mais que nossa consciência e nossos pensamentos, de certa forma, vemos que nós mesmos produzimos tais pensamentos e atitudes ao longo do dia. (T.1311)

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  6. O poema versos intimos expressa claramente o pessimismo do autor, colocando a sociedade de maneira negativa,onde a confiança existe justamente porque é quebrada, ou seja , nao existe de fato. A mesma que te afaga te apedreja, demonstrando o egoísmo e egocentrismo e falta de confiança observadas pelo autor

    gabriela faccioli
    t: 1311

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  7. É interessante os questionamentos que o eu-lírico faz a cerca das ideias. De onde elas vem? São apenas produtos do nosso organismo, são fruto apenas do trabalho repetitivo das moléculas? Será que não são realmente compreendidas devido ao mal uso da língua?
    Talvez sim. O que torna ou não uma ideia genial, independente de qual matéria bruta ela venha, é a forma como é expressada ao resto do mundo.

    Luis Felipe Costa de Andrade. Turma: 1301

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  8. No poema O Morcego, o eu lírico caracteriza a consciência humana tal qual um morcego: sorrateira, horrorosa e [instintivamente] nociva ao sofredor do "ataque". Porém, ao meu ver, a metáfora do eu lírico vai além disso: a consciência, assim como o morcego, pode causar mal à presa, entretanto, deve existir para que seja mantido o equilíbrio na natureza (nesse caso, na natureza humana).

    Karla Aranha. Turma: 1301

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  9. Pequenas observações pessoais : As Poesias de Augusto dos Anjos poesia chocam muito, por sua agressividade do vocabulário, pela visão dramaticamente angustiante da matéria, da vida e do cosmos,uso de termos considerados até antipoéticos, uso de palavras e expressões científica além dos vários temas inquietantes. Suas poesias não tem uma classificação ao certo, mas fica claro a presença, principalmente, de características do Simbolismo ( a dor de ser dos simbolistas e também por toda a carga pessimista encontrada em todos os seus poemas, além do subjetivismo e do alto grau de pessimismo).

    Comentários sobre esses poemas :

    MONÓLOGO DE UMA SOMBRA :
    “ Somente a Arte, esculpindo a humana mágoa(...)
    À condição de uma planície alegre,
    A aspereza orográfica do mundo!”

    BUDISMO MODERNO:
    “Mas o agregado abstrato das saudades
    Fique batendo nas perpétuas grades
    Do último verso que eu fizer no mundo!”
    Esses trechos mostram claramente o pensamento de Augusto dos Anjos da vida comparada ao nada, diante de todo o seu pessimismo, só a arte salva.

    O MORCEGO :
    “A Consciência Humana é este morcego!
    Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
    Imperceptivelmente em nosso quarto! ”


    VERSOS ÍNTIMOS:
    “Acostuma-te à lama que te espera!
    O Homem, que, nesta terra miserável,
    Mora, entre feras, sente inevitável
    Necessidade de também ser fera.”

    Nestes versos, entende-se que para o poeta parece não haver Deus nem esperança, nem sentimentos bons presentes no homem etc .. Apenas a supremacia da ciência.


    Karina Brum
    turma: 1307

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  10. O Homem, que, nesta terra miserável,
    Mora, entre feras, sente inevitável
    Necessidade de também ser fera."

    O autor evidencia quão animalesco somos, vivemos em sociedade como "feras". Para ele, o fim da vida não será melhor do que, de fato, foi a vida: nada, lama. A vida é ou foi tão vazia de sentido e valor como a lama que, por ironia do destino, é para onde "retornaremos" sem vida.

    turma 1301

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  11. O Homem, que, nesta terra miserável,
    Mora, entre feras, sente inevitável
    Necessidade de também ser fera."

    O autor evidencia quão animalesco somos, vivemos em sociedade como "feras". Para ele, o fim da vida não será melhor do que, de fato, foi a vida: nada, lama. A vida é ou foi tão vazia de sentido e valor como a lama que, por ironia do destino, é para onde "retornaremos" sem vida.

    Aymê Assis turma 1301

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  12. Boa tarde, professor.

    Foi pedido em sala que viéssemos aqui comentar um poema de Augusto dos Anjos... Bom, confesso que fiquei particularmente enciumada quando o poeta passou a ser assunto de aula. Eu tenho uma mania feia de ter ciúmes de coisas que eu gosto e não são muito conhecidas. Quando as pessoas passam a conhecer e comentar sobre (qualquer coisa que seja), tenho uma sensação desagradável e possessiva de "Hei! Eu conhecia isso primeiro!".

    Sobre o poema "Versos Íntimos", posso dizer que talvez seja minha obra literária preferida, em disputa acirrada com "Perto do Coração Selvagem" e "A Hora da Estrela", da Clarice e "Mudam-se os tempos", de Camões. Eu tenho o poema salvo no meu celular, e impresso em um quadro no meu quarto.

    Discordo totalmente da postura de Angusto dos Anjos em relação à vida, em relação ao amor, discordo da visão pessimista dele em relação ao mundo. A minha adoração pelo poema "Versos Íntimos" é porque leio com uma visão ligeiramente diferente da que o autor "propõe".

    O poema me dá a sensação de força interior. A cada vez que termino de lê-lo, tenho a sensação de que devo me preocupar mais comigo. Já que ninguém vai assistir ao enterro de minha última quimera, devo me cuidar mais pra que meus objetivos e sonhos não sejam fracassados.

    Sobre a necessidade de ser fera, entendo como um conselho para não ser ingênua, mas principalmente um incentivo para ser forte com as inevitáveis mazelas da vida.

    E, concluindo, embora os amores sejam muito bons e pareçam sempre eternos enquanto duram, não devemos nunca nos esquecer de nos colocarmos em primeiro lugar e acima de tudo até na mais tórrida das paixões, até porque, "a mão que afaga é a mesma que apedreja." A pessoa mais importante do mundo é você mesmo.


    Mudando de assunto, achei muito interessante a sua história sobre seus "contatos" com Augusto dos Anjos. Você seria um excelente cronista! E eu, com certeza, seria leitora assídua das crônicas.

    Parabéns pelo blog, professor!



    Aline Brayner, Colégio Pedro II, turma: 1311.

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  13. "DEBAIXO DO TAMARINDO


    No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
    Como uma vela fúnebre de cera,
    Chorei bilhões de vezes com a canseira
    De inexorabilíssimos trabalhos!


    Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
    Guarda, como uma caixa derradeira,
    O passado da Flora Brasileira
    E a paleontologia dos Carvalhos!


    Quando pararem todos os relógios
    De minha vida e a voz dos necrológios
    Gritar ns noticiários que eu morri.


    Voltando à pátria da homogeneidade,
    Abraçada com a própria Eternidade
    A minha sombra há de ficar aqui!"

    Me chamou atenção esse texto pois há várias características ditas em sala sobre o modo de expressar desse autor , como por exemplo , a tristeza na primeira estrofe , não só em relação à atos (chorar) mas também em elementos do ambiente ( vela fúnebre)e também na terceira estrofe no qual fala de morte. Já no segundo estrofe ele utiliza termologias próprias da ciência para caracterizar a árvore. E no quarta estrofe ele já fala deixar sua impressão , fugindo um pouco do pessimismo .


    Amanda Cunha de Souza Coração Turma :1307

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  14. O Morcego:
    O homem tenta se livrar do morcego mas é impossível, pois este está sempre a vigiá-lo. Esse morcego é a consciência humana.

    Debaixo do Tamarindo:
    A vida passa e as lembranças são as únicas que ficam, enquanto tudo com o passar do tempo se esvai.

    Versos Íntimos:
    O ser humano está fadado a se frustrar, a enlouquecer conforme os outros ao seu redor que já perderam a sanidade diante de um destino de tamanho desgosto onde a morte é o fim dessa angústia.

    A Ideia:
    A ideia é algo maravilhoso e muito importante, mas se reduz a algo insignificante (praticamente morta), ao tentar sair da boca daquele que a pensou. Em suma, as pessoas não são capazes de transmitir suas ideias em seu ponto mais criativo e extraordinário.

    Igor Fernandes
    Turma: 1307

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  15. No poema "Versos Íntimos" o autor mais uma vez descreve o ser humano como tendo tendência ao que é mal.
    "Mora, entre feras, sente inevitável
    Necessidade de também ser fera."

    Ele alerta o leitor para o fato de que a deslealdade é de natureza biológica e sendo assim, uma outra pessoa será traiçoeira com ele
    "O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
    A mão que afaga é a mesma que apedreja."
    e então aconselha o leitor a agir de acordo com sua própria natureza e ser também traiçoeiro, antes mesmo de sofre-la.
    "Apedreja essa mão vil que te afaga,
    Escarra nessa boca que te beija!"

    Milene Soares. Turma: 1309

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  16. Os poemas de Augusto dos Anjos são sempre muito pessimistas, com questões obscuras, onde há o conflito entre, por exemplo, o finito e o infinito, em que, mesmo o homem sabendo que vai voltar de onde veio, a terra, está em busca do infinito; a angústia em face de problemas e distúrbios pessoais.
    No poema "Budismo Moderno" há essa temática. Encontramos características do parnasianismo e do simbolismo, como métrica, rimas, assonâncias. Há no primeiro verso uma linguagem mais coloquial, que foi uma característica posterior dos modernistas, quando ele diz "Tome Dr., esta tesoura, e... corte".
    Em seu poema, Augusto enautece a figura do "eu", podemos ver isso no 2º verso. A morte está presente quando ele diz: "Que importa a mim que a bicharia roa / Todo o meu coração, depois da morte?!"
    Na segunda estrofe há uma espécie de maldição representada por um urubu, que é um animal necrófago, ou seja, que se alimenta de restos de animais, que no poema o autor relaciona à morte.
    Na terceira estrofe ele fala novamente sobre a morte, que seria a concentração máxima de pessimismo, e ele compara uma célula caída num lugar que ela não poderia ser fecundada, não poderia gerar uma vida.
    Por último, na quarta estrofe, Augusto dos Anjos fala da saudade, diz que esse sentimento só pode existir nas artes, somente o verso poderia guardar a saudade.

    Stéphanie Elise (Turma 1301)

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  17. VERSOS ÍNTIMOS


    Vês! Ninguém assistiu ao formidável
    Enterro de tua última quimera.
    Somente a Ingratidão – esta pantera –
    Foi tua companheira inseparável!


    Acostuma-te à lama que te espera!
    O Homem, que, nesta terra miserável,
    Mora, entre feras, sente inevitável
    Necessidade de também ser fera.


    Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
    O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
    A mão que afaga é a mesma que apedreja.


    Se a alguém causa inda pena a tua chaga.
    Apedreja essa mão vil que te afaga,
    Escarra nessa boca que te beija!



    De todos os poemas postados o que mais gostei foi este(Versos Íntimos),
    ele o autor mostra todo sentimento da alma marcada de desilusões,
    mostra sua perspectiva de vida de forma muito inteligente
    através do uso das palavras.
    Adorei os poemas e o blog !
    Parabéns pelo trabalho aqui e em sala de aula.

    Mayara Gomes Cardoso- T: 1307 - Colégio Pedro II

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  18. Em todos os poemas de Augusto dos Anjos pude perceber características marcantes em comum, como por exemplo: o pessimismo,a frequente referência a morte e o vocabulário rico em termos científicos e biológicos (como por exemplo:psicogenética,óvulo infecundo, força centrípeta, entre outros).

    Entre todos os poemas vistos o que mais chamou minha atenção foi Versos Íntimos:

    Vês! Ninguém assistiu ao formidável
    Enterro de tua última quimera.
    Somente a Ingratidão – esta pantera –
    Foi tua companheira inseparável!


    Acostuma-te à lama que te espera!
    O Homem, que, nesta terra miserável,
    Mora, entre feras, sente inevitável
    Necessidade de também ser fera.


    Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
    O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
    A mão que afaga é a mesma que apedreja.


    Se a alguém causa inda pena a tua chaga.
    Apedreja essa mão vil que te afaga,
    Escarra nessa boca que te beija


    Este poema é marcado por total descrença na bondade humana aparentemente causada por grandes desilusões.Fala também da ingratidão e que se deve preservar a desconfiança e hostilidade mesmo frente a gestos que aparentam caridade.

    Duany Fourny 1307

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  19. "A IDEIA"

    "De onde ela vem?! De que matéria bruta
    Vem essa luz que sobre as nebulosas
    Cai de incógnitas criptas misteriosas
    Como as estalactites duma gruta?!"

    -[ Podemos analisar nessa estrofe, a grande presença da ciência geológica (matéria bruta, nebulosas, estalactites, criptas, gruta) e estrutural psicológica que nos faz pensar de onde é que sai que vem as nossas ideias ].

    “Vem da psicogenética e alta luta
    Do feixe de moléculas nervosas,
    Que, em desintegrações maravilhosas,
    Delibera, e depois, quer e executa!”

    “Vem do encéfalo absconso que a constringe,
    Chega em seguida às cordas da laringe,
    Tísica, tênue, mínima, raquítica...”

    -[ Nessas duas estrofes analisamos a ideia como um produto das estruturas biológicas do nosso corpo ( encéfalo, laringe, sistema nervoso ( moléculas nervosas) ), na qual, depois de um imenso trabalho psíquico molecular, conseguimos executar e expressá-la ou não ].

    “Quebra a força centrípeta que a amarra,
    Mas, de repente, e quase morta, esbarra
    No molambo da língua paralítica!”

    -[ Nessa estrofe percebemos uma forte presença do sentimentalismo obscuro e sofrido que o processo de formulação e execução das ideias pensadas por nós causa. E muitas vezes não chegamos nem a expressá-las, processando e desenvolvendo tudo para depois mortificarmos ( na língua paralítica) ].

    Pequena e importante conclusão, por mais que venhamos a ter trabalho em ter uma pequena e/ou grande ideia, nunca iremos expressa-la exatamente como está em nossa mente, ou seja, fazemos um trabalho maravilhoso ao organizá-la em nossa mente, porém ela meio que se auto destrói e se mortifica ao ser falada pelo formulador da ideia.

    Poemas riquíssimos ligados as ciências que envolvem o meio em que vivemos e bastante presente nas artes literárias da época.


    Nome: Marcos A. Magalhães Pereira Turma: 1307

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  20. Um poeta de estilo pessimista, seus temas não são nada comuns e seus versos possuem uma linguagem funebre, de desgosto e ânsia de morte combinado com uma linguagem cientifica.
    Notá-se em seus poemas uma linguagem bem pesada temas canibais,funebres, assustadores...
    É dificil pensar que uma pessoa consiga escrever coisas tão obscuras, muitas pessoas ficariam abismadas em ler tais coisas, mas não pode deixar-se de lado tal inteligência em escrever tais coisas combinadas com olhares deterministas, algo bem complexo de se fazer.
    Dou maior destaque ao texto "O Deus-Verme" é um texto bem pesado, meio com ar de dualidade, linguagem funebre e uma descrição cientifica do "corpo morto".
    É um texto bem pesado, diria até mais pesado em ler tais coisas do que assistir ao mais assustador dos filmes de terror.

    NOME:Wallace Nascimento TURMA:1305

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  21. A IDEIA
    De onde ela vem?! De que matéria bruta
    Vem essa luz que sobre as nebulosas
    Cai de incógnitas criptas misteriosas
    Como as estalactites duma gruta?!


    Vem da psicogenética e alta luta
    Do feixe de moléculas nervosas,
    Que, em desintegrações maravilhosas,
    Delibera, e depois, quer e executa!

    Vem do encéfalo absconso que a constringe,
    Chega em seguida às cordas da laringe,
    Tísica, tênue, mínima, raquítica...

    Quebra a força centrípeta que a amarra,
    Mas, de repente, e quase morta, esbarra
    No molambo da língua paralítica!


    O autor além de possuir uma visão pessimista, também usa traços do naturalismo em sua poesia. Como no Poema a Ideia, em que o autor tenta explicá-la, a partir de conceitos científicos.
    Tentando mostrar como a ideia vai se modificando até finalmente a dizermos, com uma maneira interessante e curiosa como se a ideia fosse passando por todo o nosso corpo, até finalmente chegar a nossa boca.

    Amanda Gomes Turma:1305

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  22. No poema "O Morcego" ele tem medo do morcego, diz que é uma criatura feia. Ele tenta impedir essa criatura de entrar em seu "quarto" mas não consegue. No último verso ele explica que essa criatura é a Consciência Humana, que por mais que lutemos contra ela, por mais que seja assustadora, ela sempre vai estar com a gente.

    Nome: Alexandre Junior Turma: 1305

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  23. O poema que mais me chamou atenção foi "Monólogo de uma Sombra". Achei muito interessante e macabro o modo com que ele usa a ciência e as artes para falar da morte humana. A decomposição, a animalidade das ações e dos gozos humanos. É incrível o modo como a morte é retratada, tão fria, tão científica. Quem disse que os poemas são para casais apaixonados ainda não leu nada de Augusto dos Anjos.

    Nome: Guilherme Teixeira Azeredo Turma: 2306

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  24. No poema Versos Íntimos, vemos um certo pessimismo ao falar da morte, dizendo que a lama é o que espera os homens. Também fala que estes vivem entre feras, e que nesse meio em que se vive acaba virando uma fera também, comparando de certa forma homens com "animais". Pode-se dizer também a musicalidade marcante e as rimas presentes no poema.

    Francesca Sanci Turma: 1301

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