Um poema de Li Po (China, 701 a 762) traduzido com maestria por Cecília Meireles.

ROSA VERMELHA


Li Po
 

A esposa do guerreiro está sentada à janela.

De coração aflito, borda uma rosa branca numa almofada de seda.
Picou-se no dedo! Seu sangue corre na rosa branca, que se torna vermelha.
Seu pensamento vai ter com seu amado, que está na guerra
e cujo sangue tinge, talvez, a neve de vermelho.
Ouve o galope de um cavalo... Chega, enfim, seu amado?
É apenas o coração que lhe salta com força no peito...
Curva-se mais sobre a almofada e borda com prata
as lágrimas que cercam a rosa vermelha.



Poema publicado do livro: Poemas Chineses / Li Po e Tu Fu. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.

Li Po (Li Bai ou Li Bo) é considerado o maior dos poetas da dinastia Tang, uma família que governou a China entre 618 e 907. É o mais citado poeta chinês no mundo ocidental. Era muito conhecido por ser um bebedor inveterado. Seus melhores poemas foram escritos enquanto estava bêbado. Escrevia sobre a natureza, o vinho, a solidão, a amizade e o amor.
Numa noite, o poeta estava bêbado em seu barco. Tentou abraçar o reflexo da lua no rio na Yangtze e morreu afogado. Uma morte triste, mas poética. Rendeu muitos poemas.

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