Charles Simic




Minha vagabundagem poética me arrastou a um dos hotéis de Charles Simic e a arriscar uma tradução..

Hotel Insomnia

I liked my little hole,
Its window facing a brick wall.
Next door there was a piano.
A few evenings a month
a crippled old man came to play
"My Blue Heaven."

Mostly, though, it was quiet.
Each room with its spider in heavy overcoat
Catching his fly with a web
Of cigarette smoke and revery.
So dark,
I could not see my face in the shaving mirror.

At 5 A.M. the sound of bare feet upstairs.
The "Gypsy" fortuneteller,
Whose storefront is on the corner,
Going to pee after a night of love.
Once, too, the sound of a child sobbing.
So near it was, I thought
For a moment, I was sobbing myself.

In Hotel Insomnia, 1992. 


Hotel Insônia

Acomodado em meu canto,
a janela frente a parede de tijolinhos,
próximo à porta havia um piano.
Algumas noites ao mês
um velho inválido vinha tocar
“My Blue Heaven”.

Mas, geralmente, era tranquilo.
Cada quarto com aranha em grosso sobretudo
caçando mosca com uma rede
de fumaça e fantasia.
Tão escuro
Que não podia ver meu rosto no espelho.

Às 5:00 h, acima, o ruído de pés descalços.
A “Cigana” leitora do destino,
cujo ponto era na esquina,
se levantava para mijar depois de uma noite de amor.
Certa vez, também, o choro de uma criança
soou tão perto que pensei
que quem chorava era eu.

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