Paul Celan

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Um poema de Paul Celan traduzido por Flávio Kothe


CORONA

Da mão o outono me come sua folha: somos amigos.
Descascamos o tempo das nozes e o ensinamos a andar:
o tempo retorna à casca.

No espelho é domingo,

no sonho se dorme,
a boca não mente.

Meu olho desce ao sexo da amada:

olhamo-nos,
dizemo-nos o obscuro,
amamo-nos como ópio e memória,
dormimos como vinho nas conchas,
como o mar no raio sangrento da lua.

Entrelaçados à janela, olham-nos da rua:

já é tempo de saber!
Tempo da pedra dispor-se a florescer,
de um coração palpitar pelo inquieto,

É tempo do tempo ser. É tempo.
 

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