Nydia Bonetti
Na apresentação de Sumi-ê, livro de poemas de Nydia Bonetti, somos informados de que o termo é referência à “arte subjetiva do Japão do século XIV, derivada da caligrafia chinesa, com forte influência zen-budista, onde a inteligência intelectual é deixada de lado e o essencial se torna ‘a devoção interna’”. A atmosfera do livro guarda semelhança com a dos haikus, sempre intensa a ligação entre poesia e natureza, tudo retratado com leveza e simplicidade. O momento irrepetível da linguagem não admite maquiagem, o irretornável da arte é flagrado no momento do nascimento, sem retoques; qualquer alteração quebraria o frescor e o encanto. O que flui no poema é a alma. Melhor, o que nele se anuncia é algo que a ilumina por brevíssimo instante. Jardins, flores, versos, pássaros, ventos e canções flutuam e respiram beleza nas páginas de Sumi-ê, publicação caprichada da editora Patuá.
A
autora mantém o blog L o n g i t u d e s
7 Poemas
***
há
um jardim qualquer
em
qualquer
canto
onde
uma flor qualquer
brotou
de
qualquer
cor
de
qualquer forma, flor
e
eu a oferto
a
quem souber cuidar
***
o
vento
so
pra
da minha mão
a
folha de papel
o
vento
só
veio me dizer
que
ninguém está
só
***
há
um lugar onde não estive
e
uma canção que não cantei
alguém
fez isso por mim
***
do
pássaro roubar a partitura
que
faz brotar manhãs
***
quero
estar só – me deixem
como
aquela amora temporã
no
galho
mais
alto
***
o
meu colar de conchas secas
é
tudo que sei
dos
mergulhos que não dei
***
branco
o meu papel
vive
à espera do traço
que
o defina
mas
não o preencha
(assimétrico
espaço)
Tão bem descrita a poesia de Nydia. É assim que a gente sente lendo-a. Ansiosa pelo meu livro nas mãos! :-)
ResponderExcluirAprecio muito a poesia de Nydia Bonetti.
ResponderExcluirGrata, amigos. Abraços!
ResponderExcluirpoesia na sua forma mais pura, encanta e evoca emoções!
ResponderExcluirSuas apresentações sempre impecáveis, José.
ResponderExcluirGrande Nydinha, que tenho o prazer de acompanhar a escrita há anos.
Beijos aos dois.