Adrienne Rich (1929-2012)
Tempo
norte-americano II
Tudo o que escrevemos
Será usado contra nós
ou contra aqueles que
amamos.
São estas as
condições,
é pegar ou largar.
A poesia nunca teve
hipótese
de se pôr fora da
história.
Um verso
dactilografado há vinte anos
pode ser
escarrapachado a tinta na parede
para glorificar a
arte como distanciamento
ou tortura daqueles
que
não amamos mas também
não quisemos matar
Nós seguimos mas as
nossas palavras ficam
tornam-se
responsáveis
por mais do que
tínhamos na intenção
e isto é privilégio
verbal.
Tradução de Maria
Ramalho e Mónica Andrade
In Uma Paciência Selvagem. Lisboa: Cotovia.
2008.
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