Bocage
Escreveu
Bocage, próximo ao fim do século XVIII, alguns poemas críticos ao
despotismo em Portugal. Isso contribuiu para que o convidassem a gozar dos
privilégio de uma prisão por crime de lesa-majestade, afinal todos os tiranos
impõem elogios ou silêncio. Encontrei o poeta português hoje no Largo de
Pilares, atônito, mais de duzentos anos depois, sem saber o que escrever. Ao
pegar o ônibus para Duque de Caxias, deixou cair este poema.
Liberdade, onde
estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu
influxo em nós não caia?
Porque (triste de
mim!) porque não raia
Já na esfera de Lísia
a tua aurora?
Da santa redenção é
vinda a hora
A esta parte do mundo
que desmaia.
Oh! Venha... Oh!
Venha, e trémulo descaia
Despotismo feroz, que
nos devora!
Eia! Acode ao mortal,
que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor,
torce a vontade,
E em fingir, por
temor, empenha estudo.
Movam nossos grilhões
tua piedade;
Nosso númen tu és, e
glória, e tudo,
Mãe do gênio e
prazer, oh Liberdade!
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