John Ashbery (1927-2017)

Paradoxes and oxymorons
This poem is concerned with language on a very plain level.
Look at it talking to you. You look out a window
Or pretend to fidget. You have it but you don't have it.
You miss it, it misses you. You miss each other.
The poem is sad because it wants to be yours, and cannot.
What's a plain level? It is that and other things,
Bringing a system of them into play. Play?
Well, actually, yes, but I consider play to be
A deeper outside thing, a dreamed role-pattern,
As in the division of grace these long August days
Without proof. Open-ended. And before you know
It gets lost in the steam and chatter of typewritters.
It has been played once more. I think you exist only
To tease me into doing it, on your level, and then you aren't there
Or have adopted a different attitude. And the poem
Has set me softly down beside you. The poem is you.
Paradoxos e oxímoros
Este poema se ocupa da linguagem num nível muito simples.
Observe-o falando com você. Você observa além de uma janela
Ou finge se inquietar. Você o entende. Você o entende mas você não o entende.
Você o perde, ele perde você. Vocês se perdem um do outro.
O poema é triste porque ele quer ser seu, e não pode.
O que é um nível simples? É aquele e outras coisas mais,
Pondo um sistema deles em jogo. Jogo?
Bem, na verdade, sim, mas eu considero jogo como sendo
Uma coisa exterior mais intensa, um fantasioso papel-padrão,
Como na divisão de virtudes destes longos dias de agosto
Sem garantias. Ilimitado. E antes que você o perceba
Ele se perde no vapor e tique-taque das máquinas de escrever.
O jogo foi feito mais uma vez. Acho que você só existe
Pra me fazer querer jogá-lo, no seu nível, e depois nem ligar
Ou ter adotado uma atitude diferente. E o poema
Me registrou suavemente a seu lado. O poema é você.
In Shadow Train, 1980.
Tradução de Dony Antunes. Publicado no caderno Folhetim, Folha de S. Paulo, 1988-10-15.
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