José Antônio Cavalcanti
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| Golden Fish, Paul Klee |
Poema do livro Anarquipélago, Ibis Libris, 2013.
O desmonte do peixe
Pobre peixe de escamas encarnadas
preso à camada mais funda das águas
geladas, guelras nas algas, quebradas,
carne incapaz de escapar a pancadas.
Nadou em círculos por toda a existência
contra o sal de segredos submarinos.
Jaz aquático oráculo vermelho
sem palavras, em naufrágio, na lâmina
do espelho submerso sobre milênios,
sem reflexo de alma, corpo ou destino.
Barbatanas boiam abandonadas
na pele azul de mil lençóis atlânticos.
O leito marinho, no entanto, guarda
mais partes do peixe despedaçado;
poemas, planetas, palavras dormem
no fundo oxidado do espesso oceano.
Pobre peixe de escamas encarnadas
preso à camada mais funda das águas
geladas, guelras nas algas, quebradas,
carne incapaz de escapar a pancadas.
Nadou em círculos por toda a existência
contra o sal de segredos submarinos.
Jaz aquático oráculo vermelho
sem palavras, em naufrágio, na lâmina
do espelho submerso sobre milênios,
sem reflexo de alma, corpo ou destino.
Barbatanas boiam abandonadas
na pele azul de mil lençóis atlânticos.
O leito marinho, no entanto, guarda
mais partes do peixe despedaçado;
poemas, planetas, palavras dormem
no fundo oxidado do espesso oceano.

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