Werner Aspenström





















Na segunda metade desta quarta-teira, dois poemas de primeira do poeta sueco Werner Aspenström (1918 – 1997).

Tu e eu e o mundo

Não perguntes quem tu és e quem eu sou
e porque tudo é.
Deixa os professores tratarem disso,
pois são pagos.
Põe a balança da casa sobre a mesa
e deixa a realidade pesar-se.
Põe o casaco.
Apaga a luz da entrada.
Fecha a porta.
Que os mortos embalsamem os mortos.

Estamos a andar aqui, agora.
O que usa botas de borracha brancas
és tu.
O que usa botas de borracha pretas
sou eu.
E a chuva que cai sobre nós ambos
é a chuva.

  Tradução de Vasco Graça Moura


Domingo

Pela simples razão de que não mais voltará
hoje é um dia memorável.
O sol nasceu no leste e se pôs no oeste,
deixou o céu para as estrelas
e uma nave espacial nadando no espaço.
O rádio falava e cantava através da janela aberta
atrás dos perlagônios vermelhos imutáveis.
Uma mulher colhia cachos de groselha com uma tesoura
e os levava para a cozinha.

In Collected Poems 1943 . 1997

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