Manuel Bandeira
SATÉLITE
Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada.
Desmitificada.
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e dos enamorados,
Mas tão-somente
Satélite.
Ah Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas:
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
- Satélite.
(BANDEIRA, Manuel. In Estrela da vida inteira. 4a. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973, p. 232.)
Excelente obra de arte...
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