Emílio Moura (1902-1971)
Um poema de Emílio
Moura, do time dos poetas esquecidos.
Canção
Viver não dói. O que
dói
é a vida que se não vive.
Tanto mais bela sonhada,
quanto mais triste perdida.
é a vida que se não vive.
Tanto mais bela sonhada,
quanto mais triste perdida.
Viver não dói. O que
dói
é o tempo, essa força onírica
em que se criam os mitos
que o próprio tempo devora.
é o tempo, essa força onírica
em que se criam os mitos
que o próprio tempo devora.
Viver não dói. O que
dói
é essa estranha lucidez,
misto de fome e de sede
com que tudo devoramos.
é essa estranha lucidez,
misto de fome e de sede
com que tudo devoramos.
Viver não dói. O que
dói,
ferindo fundo, ferindo,
é a distância infinita
entre a vida que se pensa
e o pensamento vivido.
ferindo fundo, ferindo,
é a distância infinita
entre a vida que se pensa
e o pensamento vivido.
Que tudo o mais é
perdido.
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