Carlos Pena Filho.
Ilustração: A carta, s/d, gravura em metal e xilogravura, 30 x 30cm, trabalho do holandês Frans Wesselman.
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Um poema de
Carlos Pena Filho.
Para fazer um
soneto
Tome um pouco de
azul, se a tarde é clara,
E espere pelo
instante ocasional.
Nesse curto
intervalo Deus prepara
e lhe oferta a
palavra inicial.
Aí, adote uma
atitude avara:
se você preferir
a cor local,
não use mais que
o sol de sua cara
e um pedaço de
fundo de quintal.
Se não, procure
a cinza e essa vagueza
das lembranças
da infância , e não se apresse,
antes, deixe
levá-lo a correnteza.
Mas ao chegar ao
ponto em que se tece
dentro da
escuridão a vã certeza,
ponha tudo de
lado e então comece.
Em Melhores poemas, Carlos Pena Filho, Sel.
Edilberto Coutinho, Editora Global:2000, 4ª edição.
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